Bom dia!!!
Hoje faremos mais uma atividade sobre o gênero narrativa de enigma. Para isso, LEIAM o texto abaixo, COPIEM E RESPONDAM as questões a seguir.
O incrível enigma do galinheiro
Isso aconteceu numa
época em que o grande detetive Sherlock Holmes estava aposentado e um tanto
esquecido. Em Londres, onde morava, ninguém mais o chamava para elucidar
mistérios. Conformava-se, dizendo: não se fazem mais bandidos como antigamente.
.
– Mas se trata dum caso tão insignificante
– protestou mamãe.
– Insignificante? Esse enigma está nos
pondo malucos.
Alguém andava
assaltando nosso galinheiro. A cada dia sumia uma galinha. Quem faria isso, estando
a casa cercada por paredes de imensos edifícios? Não havia muro para saltar.
Nem grades para pular. E na casa, só morava eu, meus pais, tio Clarimundo e
Noca, a velha empregada. Um enigma muito enigmático, sim.
Sherlock Holmes
chegou e hospedou-se no quarto dos fundos. Ele, seu boné xadrez, seu cachimbo,
lógico, e mais logicamente sua lupa, que aumentava tudo.
Chegou anunciando:
– Chamarei esta
aventura “O caso das galinhas desaparecidas”. Ou ficaria melhor “O incrível
enigma do galinheiro”?
– Ambos são bons,
mas...
– Na maior parte das
vezes o culpado é o mordomo – informou Sherlock. – Onde está o suspeito?
– Não temos mordomo –
lamentou tio Clarimundo.
– Então me levem à
cena do crime.
Levamos Sherlock ao
quintal, pequeno e espremido entre os prédios. Ele tirou a lupa do bolso. Um
palito ou folha de árvore, examinava concentradamente. Depois, tomava notas num
caderno. Mas, como a viagem o cansara, foi dormir cedo. Na manhã seguinte minha
mãe acordou-o com uma informação:
– Sumiu outra
galinha.
– Esta noite dormirei
no galinheiro.
E dormiu mesmo,
sentado numa poltrona. Desta vez eu que o acordei.
– Mister Holmes,
roubaram mais uma galinha.
A notícia fez com que
se decidisse:
– A história se
chamará mesmo “O incrível enigma do galinheiro”.
– Não estamos
preocupados com títulos – rebateu meu tio.
– Mas meu editor
está.
Neste dia consegui
ler o caderno de anotações do detetive. Li: nada, nada, nada. Um nada em cada
página. Organizado, não? Também nesse dia Sherlock telefonou a Londres para
trocar impressões com o fiel Dr. Watson. Uma fortuninha em chamados
internacionais.
E as galinhas
continuavam desaparecendo, apesar de Sherlock Holmes dormir no galinheiro. Ele
já andava falando sozinho.
– Nem sinal de gato,
cachorro, raposa, gambá. Todo o meu prestígio está em jogo.
Por fim, restou
apenas uma galinha.
À hora do almoço o
famoso detetive, sentindo-se velho e fracassado, sofreu uma crise, chorando na
frente de todos. Nós nos comovemos muito com a situação. Um homem daqueles
derramar lágrimas... Noca, então, deu um passo à frente e confessou:
– Eu que roubava as
galinhas. Dava às famílias pobres duma favela.
Sherlock enxugou
imediatamente as lágrimas na manga do paletó.
– Já sabia. Fingi
chorar para que ela confessasse.
– Então desconfiava
de Noca? – perguntou tio Clarimundo.
– Encontrei penas de
galinha no quarto dela. Elementar, Clarimundo. E o que dizem de comermos a
penosa que resta no galinheiro?
Não sei se foi
escrito “O incrível enigma do galinheiro”. Se foi, pobres leitores. Na verdade
eu que roubava as galinhas para dar aos favelados. Inclusive quando o detetive
dormia no galinheiro. Noca sabia disso e assumiu a culpa em meu lugar.
Elementar, Mister Sherlock Holmes.
Marcos Rey, Em Vice-Versa ao Contrário. Org.
Heloísa Prieto, São Paulo, Companhia das Letrinhas, 1993.
Atividade
1. O narrador deste texto é
a) ( ) Sherlock Holmes. b) ( ) O Tio Clarimundo.
c) ( ) A Noca d)
( ) O Sobrinho do tio Clarimundo
2. Releia o seguinte trecho do
texto:
“– Mas se trata dum caso tão insignificante –
protestou mamãe.
– Insignificante? Esse enigma está nos pondo
malucos.”
A que caso se referem eles?
a) ( ) À injusta reforma precoce de Sherlock
Holmes.
b) ( ) Ao desaparecimento das galinhas do
galinheiro.
c) ( ) Ao desaparecimento do mordomo da família.
d) ( ) Ao desaparecimento do caderno de anotações
do detetive.
3. Porque razão afirma o narrador que aquele era um “enigma enigmático?”